2.6.12

5º Dia


“Qual será o coração
tão cru e sem piedade,
que lhe não cause paixão
uma tão grã crueldade
e morte sem razão?”


Garcia de Resende, Trovas à Morte de D. Inês de Castro - http://cfp.cm-lisboa.pt/pls/htmldb/f?p=334:5:2189754000547293::::P5_ID,P5_TIPO:81,autor#1


A consciencialização por parte de Inês de Castro do perigo que corre e a aceitação do seu destino. “Estou aqui sentada à espera da morte …”.
Dia consagrado ao balanço de uma relação que se aproxima do fim, em que o sentimento de culpa a invade  “Agora que sinto o fim aproximar-se (…) reconheço que fui leviana e imprudente ao deixar que Pedro me visitasse na madrugada das núpcias (…) antes de visitar Constança.  
A minha consciência arrependida atormenta-me pois feri profundamente Constança …”.
Envolvida por este arrependimento, Inês relata a sua história com a esposa de D. Pedro, a quem esteve ligada desde muito nova. Contudo, continua a acreditar no amor “… sim porque sei-o agora, o nosso amor sempre foi divino e é por isso que se tornará eterno.”
Crença inabalável ou forma de justificar a sua leviandade e o facto de ter traído uma amiga?
Possessa, que Inês de Castro fez renascer das cinzas da loucura, é mais uma das personagens que pressente que a morte de Inês está cada vez mais próxima, pois, segundo diz, consegue ver esse fim desenhado nas nuvens do céu.
No seu discurso, explica por que razão aos poucos e poucos voltou a ser ela própria regressando assim à terra dos vivos, ato que atribui à preciosa e persistente ajuda de Inês.