12.4.12

Sinopse - O Cais das Merendas

Publicado em 1982, O Cais das Merendas, segundo romance de Lídia Jorge, desenvolve-se em torno dos temas da identidade e da aculturação. Trata-se de uma narrativa poética, teatralizada, em que as personagens rurais, confrontadas com o mundo exterior, dão testemunho da sua intimidade, seus medos e desejos mais fundos. Neste caso, a acção desenrola-se à beira-mar, numa praia do Sul de Portugal, girando as figuras em torno de um pólo central, o Hotel Alguergue. Ocupado durante a época alta por turistas de várias nacionalidades, o hotel fica completamente despovoado durante  os meses de  Inverno. É então que os naturais da zona, esquecidos dos seus hábitos, precisam de se embriagarem para voltarem a usar a sua língua materna, e recitarem em voz alta as histórias tradicionais do seu país. Figuras como Rosarinho, pai Patroços, Miss Laura ou Sebastião Guerreiro, que vemos desfilar durante esses parties interpretam a hesitação de uma comunidade dividida entre o desejo de se modernizar e de manter o que de si mesma entende por próprio e genuíno. O Cais das Merendas apresenta-se como uma espécie de anti-epopeia colectiva, sugestão dada inclusive pela divisão em dez capítulos. O último parágrafo do livro poderá servir de emblema a esta espécie de saga portuguesa sobre o esquecimento de si.
O Cais das Merendas obteve o Prémio Cidade de Lisboa referente ao ano em que foi publicado