4.6.12

Último Dia



“Outro dia verás que te amanheça
Mais claro, e mais ditoso: em que a coroa,
Que t’espera, terás sobre esses teus
Cabelos d’ouro. Alegra-te entre tanto.
Deixa vãs sombras, deixa tristes medos”


António Ferreira, A Castro

D. Inês recorda a noite de paixão arrebatadora com Pedro e, pressagiando a sua desgraça, não consegue distinguir a realidade do sonho. “Pedro disse-me que seríamos finalmente marido e mulher, ou foi apenas um sonho?
Enquanto a sua mente se perde em desvaneios, surge El-Rei D. Afonso IV com os seus carrascos, o qual lhe anuncia a sua decisão de a matar, invocando razões de estado.
D. Inês procura defender a vida alegando que o único crime que cometeu foi ter amado Pedro, revelando desconhecer os desígnios de seus irmãos.
No entanto, os seus argumentos não comovem o rei que ordena a sua execução “ O meu olhar turva-se e os meus gestos cessam.”.

Em jeito de prolepse, D. Inês revela a reação e atitudes tomadas por D. Pedro na sequência da sua morte, “ Serei mártir, serei amada, serei admirada, serei cantada e reconhecida, para sempre serei lembrada neste reino e em tantos outros, por ter sido bela, por ter sido sacrificada, por ter sido mulher...”.