“Outro dia verás
que te amanheça
Mais claro, e
mais ditoso: em que a coroa,
Que t’espera,
terás sobre esses teus
Cabelos d’ouro.
Alegra-te entre tanto.
Deixa vãs
sombras, deixa tristes medos”
António
Ferreira, A Castro
D. Inês recorda a noite de paixão arrebatadora com Pedro e,
pressagiando a sua desgraça, não consegue distinguir a realidade do sonho. “Pedro
disse-me que seríamos finalmente marido e mulher, ou foi apenas um sonho?”
Enquanto a sua mente se perde em desvaneios, surge El-Rei D.
Afonso IV com os seus carrascos, o qual lhe anuncia a sua decisão de a matar,
invocando razões de estado.
D. Inês procura defender a vida alegando que o único crime que
cometeu foi ter amado Pedro, revelando desconhecer os desígnios de seus irmãos.
No entanto, os seus argumentos não comovem o rei que ordena a sua
execução “ O meu olhar turva-se e os meus gestos cessam.”.
Em jeito de prolepse, D. Inês revela a reação e atitudes tomadas
por D. Pedro na sequência da sua morte, “ Serei mártir, serei amada, serei admirada,
serei cantada e reconhecida, para sempre serei lembrada neste reino e em tantos
outros, por ter sido bela, por ter sido sacrificada, por ter sido mulher...”.