“Frio, vazio, medo e silêncio. Depois, nem frio, nem medo. Na verdade
não sinto nada. A minha alma está livre e voa para outro lugar. Vejo o Paço lá
em baixo, a horta, o convento, o hospital, os verdes campos de Coimbra, o rio
Mondego, as colinas de oliveiras e a Fonte dos Amores longe, cada vez mais
longe. Para onde me leva o meu sonho? Já não sou Inês de Castro, já não sou
nada. E, no entanto, sinto que sou tudo e que sou livre.” Pg. 15
São feitas ao longo deste capítulo várias referências à
ausência de D. Pedro, que terá partido, juntamente com os irmãos de D. Inês,
para parte incerta. “Por onde andas, meu amor maior?” pg.
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É introduzido através do diálogo com D. Álvaro Gonçalves
Pereira, Prior da Ordem do Hospital o primeiro anúncio da desgraça que se
avizinha e que a própria heroína presente. “Espero por ti a cada instante,
sonho contigo acordada, vejo-te nos traços dos nossos filhos, pois estais em
toda a parte e tudo sois para mim. Por isso te peço, por tudo o que há de mais
sagrado nas nossas vidas, pelo nosso amor e pela saúde dos nossos filhos, que
voltes depressa, meu amor maior, antes que os ventos da desgraça que hoje se
anunciaram irrompam pelas portas da minha morada para me ceifar da terra e
entregar a minha alma perdida de dor e de desespero ao Criador.” Pg. 31
O capítulo termina com várias reflexões do Prior acerca da
influência que D. Inês exerce sobre D. Pedro e do seu possível envolvimento
contra os interesses do reino. “Se Inês sabe ou não o que se passa, se
participa na influência que os irmãos têm sobre Pedro, isso agora pouco
importa. Portugal corre perigos de vária ordem e, por algum lado, el-rei terá
de começar para que a ordem regresse ao seu reino.
Talvez Inês esteja inocente, mas os seus irmãos certamente não estão. E
se tiver de ser, que pague o inocente pelo pecador e que se faça a vontade de
Deus Nosso Senhor.” Pg. 44