9.5.12

Assim começa o primeiro dos últimos sete dias da história deste amor!





Frio, vazio, medo e silêncio. Depois, nem frio, nem medo. Na verdade não sinto nada. A minha alma está livre e voa para outro lugar. Vejo o Paço lá em baixo, a horta, o convento, o hospital, os verdes campos de Coimbra, o rio Mondego, as colinas de oliveiras e a Fonte dos Amores longe, cada vez mais longe. Para onde me leva o meu sonho? Já não sou Inês de Castro, já não sou nada. E, no entanto, sinto que sou tudo e que sou livre.” Pg. 15

São feitas ao longo deste capítulo várias referências à ausência de D. Pedro, que terá partido, juntamente com os irmãos de D. Inês, para parte incerta. “Por onde andas, meu amor maior?” pg. 30
É introduzido através do diálogo com D. Álvaro Gonçalves Pereira, Prior da Ordem do Hospital o primeiro anúncio da desgraça que se avizinha e que a própria heroína presente. “Espero por ti a cada instante, sonho contigo acordada, vejo-te nos traços dos nossos filhos, pois estais em toda a parte e tudo sois para mim. Por isso te peço, por tudo o que há de mais sagrado nas nossas vidas, pelo nosso amor e pela saúde dos nossos filhos, que voltes depressa, meu amor maior, antes que os ventos da desgraça que hoje se anunciaram irrompam pelas portas da minha morada para me ceifar da terra e entregar a minha alma perdida de dor e de desespero ao Criador.” Pg. 31
O capítulo termina com várias reflexões do Prior acerca da influência que D. Inês exerce sobre D. Pedro e do seu possível envolvimento contra os interesses do reino. “Se Inês sabe ou não o que se passa, se participa na influência que os irmãos têm sobre Pedro, isso agora pouco importa. Portugal corre perigos de vária ordem e, por algum lado, el-rei terá de começar para que a ordem regresse ao seu reino.
Talvez Inês esteja inocente, mas os seus irmãos certamente não estão. E se tiver de ser, que pague o inocente pelo pecador e que se faça a vontade de Deus Nosso Senhor.” Pg. 44