“Então não tem lugar certo onde aguardo
Amor; trata traições, que não confia
Nem dos seus. Que farei quando tudo arde?”
Sá de Miranda, Cancioneiro Geral de
Garcia de Resende
Toda uma vida contada através de sonhos, que se vão confundindo
com a realidade, serve de mote para que D. Inês faça a caraterização de Afonso
Madeira, escudeiro de D. Pedro.
“Pior do que um homem com mau carácter, é um homem que simplesmente não
o tem, pois é por falta dele que se comentem as maiores atrocidades.”
Segundo diziam as más-línguas, Afonso Madeira terá sido o outro
grande amor do Infante e quis o destino e também D. Pedro que fosse o escolhido
para proteger D. Inês e seus filhos.
Mas quem se sente protegido, por alguém em que não confia?
Serão os ciúmes de D. Inês que a levam a ter estes pensamentos
sobre o escudeiro?
Os pensamentos de Afonso Madeira surgem na narrativa em jeito de
contraditório ou direito de resposta, mas que provam, uma vez mais, que o sexto
sentido das mulheres, afinal existe mesmo!