Que
nunca o abraço se possa comprar, pois é ele o melhor que se pode dar.
Que
nunca quem abraça seja apenas os braços, que se toquem com os dedos todos os
traços. Que seja quem abraça também abraçado, que seja o abraço o lugar de todo
o lado.
Que
se brinde ao corpo, à festa e ao sim, e que ninguém se conforme com o
assim-assim.
Que
se dancem as dores, que se lambam as feridas, e que todas as lágrimas sejam
meras recaídas.
E
que se erga um castelo de arfares, e que se construa um orgasmo de amares.
E que eu seja o por dentro de abraçar, o
bastidor de sonhar – e que eu seja o viver e nunca o restar.
Que
seja quem ama o dono dos meus braços, pois é no meio deles que me uno os
pedaços.
Que
nunca o abraço se possa comprar, pois é ele o melhor que se pode dar.
(Pedro Chagas Freitas)